dedicado aos que eram jovens adolescentes em 1989 hehehhe
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
Ora bute pôr profundidade nisto...
"O saudosismo consubstancia uma atitude humana perante o mundo que tem como base a saudade, considerada como o grande traço espiritual definidor da alma portuguesa."
Pascoaes
Pascoaes
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Teatro!

Hoje no Museu da Quinta de Santiago, Leça da Palmeira pelas 21h30. Leituras dramatizadas por um grupo de actores de teatro, aspirantes a, ou tão só interessados nestas iniciativas. O ambiente é muito intimista, é por vezes interactivo, a entrada é gratuita :) e até inclui um 'lanchinho' pelo meio. Que vos parece? fica aqui a sugestão para o serão de hoje
Fred foi à escolinha

O Fred é um lindo e está de parabéns!
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
domingo, fevereiro 11, 2007
Citando...

Carminho & Sandra
Carminho senta - se nos bancos almofadados do BMW da mãe. Chove lá fora..Encosta o nariz ao vidro para disfarçar duas enormes lágrimas que lhe rolam pela face. A mãe conduz o carro e aperta-lhe ternamente a mão. Há muito trânsito na Lapa ao fim da tarde. A mãe tem um olhar triste e vago mas aperta com força a mão da filha de 18 anos. Estão juntas. A caminho de Espanha.
(Mais a baixo na cidade) Sandra senta - se no banco côr - de - laranja do autocarro 22 que sai de Alcântara. Chove lá fora. Encosta o nariz ao vidro para disfarçar duas enormes lágrimas que lhe rolam pela face. A mãe está sentada ao lado dela.Encosta o guarda - chuva aos pés gelados e aperta - lhe ternamente a mão. Há muito trânsito em Alcântara ao fim da tarde. A mãe tem um olhar triste e vago mas aperta com força a mão da filha de 18 anos. Estão juntas. A caminho de casa de Uma Senhora.
O BMW e o autocarro 22 cruzam - se a subir a Avenida Infante Santo.
Carminho despe-se a tremer sem nunca conseguir estancar o choro. Veste uma bata verde. Deita-se numa marquesa. É atendida por uma médica que lhe entoa palavras doces ao ouvido, enquanto lhe afaga o cabelo. Carminho sente- se a adormecer depois de respirar mais fundo o cheiro que a máscara exala.Chora enquanto dorme.
Sandra não se despe e treme muito sem conseguir estancar o choro. Nervosa ,brinca com as tranças que a mãe lhe fez de manhã na tentativa de lhe recuperar a infância.
A Senhora chega. A mãe entrega um envelope à Senhora.A Senhora abre-o e resmunga qualquer coisa. É altura de beber um liquidoverde de sabor muito ácido. O copo está sujo, pensa Sandra. Sente–se doente e sabe que vai adormecer. Chora enquanto dorme.
Carminho acorda do seu sono induzido. Tem a mãe e a médica ao seu lado. Não sente dores no corpo mas as lágrimas não param de lhe correr cara abaixo. Sai da clínica de rosto destapado. Sabe –lhe bem o ar fresco da manhã. É tempo de regressar a casa.
Quando a placa da União Europeia surge na estrada a dizer PORTUGAL, Carminho chora convulsivamente.
Sandra não acorda. E não acorda . E não acorda. A mãe geme baixinho desesperada ao seu lado. Pede à Senhora para chamar uma ambulância. A Senhora não deixa, ponha–se daqui para fora com a miúda, há uma cabine lá em baixo, livre–se de dizer a alguém que eu existo.A mãe arrasta a Sandra inanimada escada a baixo. Um vizinho cansado, chama o112 e a polícia.Sandra acorda no quarto 122 dias depois.
As lágrimas cara abaixo. Não poderás ter mais filhos, Sandra, disse–lhe uma médica, emocionada.Sai do hospital de cara tapada, coberta por um lenço. Não sente o ar fresco da manhã. No bolso junto ao útero magoado, a intimação para se apresentar a um tribunal do seu país: Portugal.
Eu voto sim .
Pela Sandra e pela Carminho.
Pelas suas mães e avós.
Por mim.
Rita Ferro Rodrigues
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
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